Fiquei meio emocionada quando vi que lancei minha newsletter no mesmo mês em que o Adrian Tomine se tornou o primeiro escritor residente do Substack. Sinal bom.
Alguns aniversários atrás recebi de presente a assinatura da The New Yorker. Foi quando conheci o Adrian Tomine. Ele é o ilustrador responsável por várias capas sensacionais da revista e no último post da sua newsletter ele falou sobre o processo de produção de uma capa, algo que sempre tive curiosidade.
Há alguns meses separei com zelo as capas de sua autoria, algumas das minhas favoritas. Não usei elas em nenhuma colagem besta durante a pandemia. Deve haver um lugar especial no céu para todas essas revistas maravilhosas não lidas e empilhadas. Mas enfim.
Na minha cabeceira não tem apenas revistas empilhadas e os livros que estou lendo atualmente. Também estão ali as minhas graphic novel fundamentais. Tem Vírus Tropical que trouxe de Bogotá. Tem Red Rosa que trouxe de Nova York. Tem Daytripper que é, na minha opinião, a melhor graphic novel brasileira de todos os tempos. E tem lá Intrusos, um dos livros de Tomine traduzido no Brasil.
No original em inglês, o livro se chama Killing and Dying, título de um dos 6 contos que compõem essa obra de arte. O tradutor brasileiro preferiu seguir a sugestão dos tradutores franceses e usou Intrusos, que da título ao último conto do livro. Gosto muito que na sua justificativa por fazer esse escolha, Érico Assis, o tradutor, argumenta:
Resolvi seguir a moda. Mas não só pela moda. Em mais de uma resenha que eu li, “Intrusos” é considerado o ponto alto da coleção de contos, talvez o ponto alto da carreira de Tomine como contista, ou sua consagração como herdeiro do gekigá. O Douglas Wolk – não é qualquer crítico, é o Douglas Wolk – diz na resenha da Artforum que “Intrusos” podia ser o título da coleção porque todos os contos tratam, de certo modo, de homens de merda que atrapalham a vida de mulheres. Os intrometidos, os intrusos.
Em Os Homens Explicam Tudo Para Mim, Rebecca Solnit reflete que para solucionar o problema da masculinidade precisamos olhar com atenção na maneira em como ela é imaginada. A premiada escritora aponta que há algo no modo como a violência é transmitida aos meninos, naquilo que é corriqueiramente elogiado e incentivado, que faz com que a violência real seja extremamente desequilibrada na guerra dos sexos.
É revigorante ler Adrian Tomine e perceber que há sim autores olhando para isso com atenção, e construindo histórias as quais não é possível ler sem sentir rasgar algo por dentro.
Ainda duvida da força dos quadrinhos? Então, leia Joe Sacco.
Falei do teste de Bechdel na última newsletter. Então, não podia deixar a Alison Bechdel de fora da listinha dessa semana. A escritora e ilustradora fuderosa da autobiográfica graphic novel Fun Home é imperdível.
Não li a graphic novel, mas assisti ao filme Como Falar com Garotas em Festas semana passada. Divertido, leve e bonito. Ainda tem a Nicole Kidman no elenco. Dei umas boas gargalhadas de várias piadas constrangedoras. Fiquei com vontade de ler o livro de autoria do Neil Gaiman e ilustrado pelos gêmeos brasileiros gênios que estão por trás de Daytripper.
Tento, mas não consigo fugir 100% do Instagram. Somente lá consigo acompanhar a vida e a obra, por exemplo, da ilustradora da The New Yorker e amiga pessoal da Lena Dunham, a Joana Avillez, uma super crush minha.
A 23ª Festa do Livro da USP virtual começa segunda-feira que vem. Prepara a listinha e aproveita para adiantar alguns presentes de Natal ou a pilha de livros que você (não) vai ler em 2022.
Eu tardo, eu falho, e acabo realizando de qualquer jeito. Pronto. A quarta já foi. Tá vindo mais.